Fotografia por Melissa Martins
Extraída de www.luisperdiz.com.br
LUÍS PERDIZ
Luís Perdiz nasceu em Campinas/SP. Poeta, compositor e editor, coordena a revista eletrônica Poesia Primata, especializada em literatura brasileira contemporânea.
Desejo de terra, seu livro mais recente, foi contemplado com a bolsa de Criação e Publicação Literária ProACSP. Com prefácios de Jorge Mautner e Claudio Willer, a obra retoma suas principais influências: o modernismo brasileiro, a tropicália, o surrealismo e a geração beat.
PERDIZ, Luís. Desejo de terra. Fotografias: Ambrosina Daguerre e Melissa Martins. Projeto gráfico: Macaio Poetônio. São Paulo: Editora Primata, 2019. 150 p. 14 x 21 cm. ISBN 978-85-93242-35-9
Ex. bibl. Antonio Miranda
“Em tempos de grandes queimadas, desastres ambientais e retrocesso político, Desejo de terra apresenta uma poética de ecologia, do xamamismo e do encontro amoroso.”
O AUTOR na orelha do livro.
*
“Estes poemas são orações com a mensagem de uma eterna ressurreição. Leio e releio estes poemas e, cada vez que os leio, meus mistérios brotam de uma forma turbulenta e brilham à minha frente belezas sempre acesas.” JORGE MAUTNER
*
“Há poetas de fases, etapas distintas da criação literária. Drummond. Ou Jorge de Lima, que demandou esforço exegético para mostrar a unidade na diversidade, a consistência em todos os modos de expressar-se. Já Luís Perdiz é o mesmo, em dois livros publicados —
Saudade Mestiça e Visão Incurável — , e neste Desejo de Terra que agora lança. Mesma dicção, com um sentido de síntese que se acentua, através de poemas não só condensados como por vezes telegráficos, desta vez mantendo um formato de cinco versos. Alguns, contemplações de cenas, quase haicais:
Nuvens vermelhas
de relâmpagos
predestinados
e gaviões repentinos.
Afirmações de vida.”
Uma flor me abriu no meio
e eu quero seu mistério.
Venho das chamas anunciar
a pressa em ser a presa
que nunca se encerra.
*
Desejo de terra.
Viver o risco da beleza
nas paixões desordenadas.
Vertigem ágil entre
a garganta e o naufrágio.
*
A biologia é fraca
quando o mormaço dói.
Mas as veias resistem
na onça-pintada
submersa no crepúsculo.
*
Naquela tarde
nos sugamos
como tangerinas.
Flechas feridas
derramadas no pomar.
*
Em frente à tela
espera em vão
respostas antigas
como se fossem
tesouros afundados.
*
Supercílio do sol.
Luz arcaica que invade
as varandas da via láctea.
Surto soterrado.
Karma em alta tensão.
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Batuque ancestral.
Clarividência das
iniciações terrenas.
Instinto e natureza
ávidos por confluências.
*
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Página publicada em agosto de 2021
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